sexta-feira, 1 de março de 2019

Uma História. Ou serão duas?


Era uma vez uma página em branco.
Sério? O que nós gostamos destes inícios!  Ficamos presos ao livro, loucos para saber o que vem a seguir... Pressentimos que vai viver nas nossas mãos sem contrato a prazo. Que vamos mostrar, ler, contar a história... Muitas vezes.
A página seguinte desvenda um pouco do mistério. No entanto, não ficou assim por muito tempo. Não é só o texto que o diz. O leitor depara-se com cinco deliciosas pequenas criaturas dispostas pelas duas páginas,  interrogando-se sobre o que farão elas ali. 

Rapidamente, descobrimos que nem elas próprios sabem. Não fazem ideia do que está a acontecer ou onde estão. As interrogações são uma evidência.
Creio que estamos num livro. O que se segue à descoberta feita por um deles ( por alguma razão usa óculos...) deixa os leitores ainda mais divertidos. Um useiro e vezeiro  "eu sabia!", e o solene  anúncio de que vão esperar pela história. 
À Espera de Godot? Sim, podia muito bem ser e o leitor adulto não deixa de esboçar um largo sorriso. 



Vamos brincar? é a pergunta que faz o mais jovem dos protagonistas, um pequeno coelho munido de uma mochila.
Ninguém arreda pé? Vão ficar aí de braços cruzados sem fazer nada? Mas que seca!



Uma História, de Marianna Coppo, alterna o silêncio e as frases telegráficas num encantador jogo de humor. O resto, são as imagens e os espaços em branco que nos contam. Enquanto  na página da direita, por entre frases feitas, os outros aguardam  que a história venha ter com eles, na página da esquerda, o pequeno coelho vai construindo a sua própria história. 




E que história! Uma magnífica e divertida abordagem das possíveis reacções perante situações inesperadas da vida. De um lado, o conformismo, a apatia, o medo do incerto. Do outro, a iniciativa, a audácia e a vontade própria. 
E a outra história? A tão aguardada... Sim, também acaba por chegar. Em forma de carta, que aqui, na versão da editora Kalandraka, se estendeu à capa e à contracapa. Talvez por isso, gostemos  bem mais desta do que da versão inglesa, onde  o mesmo não sucedeu.  Se chegou a tempo? Vão lá e descubram!

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