sexta-feira, 22 de março de 2019

Metade, Metade. Genial por inteiro


O formato é pequeno, mas dentro é tudo grande. Porque a paixão não é coisa de meias- tintas, o vermelho da capa é forte e quente. No intenso verde da contracapa, ficamos a saber que metade deste livro fala de amor e a outra metade também. Gostamos das duas.


A meia voz, a meia luz, sem meias palavras nem meios termos, um menino faz a sua primeira declaração de amor.  E, tal como o ritmo do seu coração, a toada das palavras e o jogo que Isabel Minhós Martins  faz com elas também são palpitantes. 
Passei a manhã a meio gás. Meia carcaça numa bochecha, meio copo de leite na outra, perdido, meio cá, meio lá, pois nada em mim queria saber do mundo, quanto mais de carcaças ou de leite (só de ti).



O jogo estende-se às ilustrações, que têm a assinatura de Madalena Matoso. A criatividade da ilustradora espraia-se pelas páginas de fundo branco, alternando formas e letras, metades e o todo. Acima de tudo, conferindo ao pequeno livro uma requintada unicidade. Há lugares onde se podem esconder pensamentos. Meios ou inteiros. 
É de meios, de metades, de cinquenta, cinquenta que se faz o todo, que se faz  esta história.  O rapaz continua apaixonado e determinado. Ainda que suspeitemos que possa tratar-se de um meia-leca, no momento certo não hesitou.
A meia distância, a meia voz, sem meias palavras, disse-te: És a minha cara-metade.
Metade agora, metade depois? Não, é para ler de uma assentada. 

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