terça-feira, 12 de junho de 2018

Alarguem horizontes, inventem números e passeiem por São Paulo

Parece coisa a mais, mas não é. Aproveitem, é o último dia da Feira do Livro de Lisboa!


É um livro para miúdos e graúdos. Porque o sol, quando nasce, é para todos e a linha do horizonte também. Aqui ou acolá, de uma forma ou de outra, ela está sempre presente.
Não podia ser mais prometedora a estreia de Carolina Celas. Horizonte, com texto e ilustração de sua autoriaeditado pela Orfeu Negro, já arrecadou uma Menção Especial na Ilustrarte.


Como tudo o que não é tangível, o horizonte revela-se, muitas vezes, um mistério capaz de abarcar um infinito número de interrogações da criança. A abordagem de Celas, eminentemente visual, centra-se na diversidade de perspectivas que dele podemos ter. Olhar o horizonte sentado num sofá enquanto lemos um livro, junto a uma janela, num pára-quedas enquanto passeamos pela céus, no campo, no alto de um arranha-céus ou de uma montanha, junto ao mar... A visão que uma criança conseguirá ter dele não é a mesma do adulto. E como será a de um gato?


O Horizonte está em todo o lado. Aqui ou acolá. A omnipresença estende-se ao livro, com a linha bem delineada desde a capa às guardas e colhendo o protagonismo página a página.  As ilustrações são de uma singela beleza e as poucas e curtas frases de texto complementam-nas de forma poética. Um inteligente jogo de dimensões aliado à paleta de cores escolhida dão ao leitor uma real perspectiva da grandeza do horizonte. Um livro que, a espaços, nos lembra o universo de uma outra ilustradora de quem muito gostamos, Albertine. Novos horizontes aguardam-se.

INVENTANDO NÚMEROS



É confessa a nossa paixão por Gianni Rodari e pelas suas Histórias ao Telefone. Há uns meses, lançámos mão das histórias que o caixeiro Bianchi contava ao telefone à filha e não pudemos deixar de nos surpreender com o número de pessoas que, diariamente, telefonava para os Hipopómatos para as ouvir. São histórias curtas, porque, nesse tempo, o telefone não era tão acessível como hoje, e divertidas. O Palácio de Sorvete, A Mulherzinha que Contava os Espirros, A Compra da Cidade de Estocolmo... são apenas alguns exemplos das histórias que continuam a encantar gente de todas as idades.


Inventando Números, recentemente publicado pela Kalandraka, é uma das nossas preferidas. Numa história onde as palavras já brincam entre si, as deliciosas ilustrações de Alessandro Sanna, um ilustrador crónico de Rodari, alargam, de forma genial e imaginativa, a brincadeira aos números. A cada página, são eles que parecem ensaiar verdadeiros jogos de escondidas com as personagens e os restantes elementos pictóricos.


Os mais pequenos percorrem a história fazendo descobertas hilariantes que desembocam quase sempre em sonoras gargalhadas. Inventem, inventem! Mas não esqueçam que há questões a que só Rodari pode responder. Quanto pesa uma lágrima?  Quanto mede uma história? 

 SÃO PAULO 


É o mais recente título da colecção A Minha Cidade, editada pelo Pato Lógico. Depois de Edimburgo, Beja, Viseu e Madrid, (de que falámos aqui e aqui) o convite é para partir à descoberta dessa imensa cidade que é São Paulo. À boleia  dos olhos e mão do fabuloso Andrés Sandoval. O lema mantém-se: 1 mapa e 12 sítios. 


O Museu de Arte de São Paulo, onde podemos admirar uma das melhores colecções de arte da América Latina, o Café Floresta, gerido por portugueses, com vista para o grande Copan, com a assinatura do famoso Oscar Niemeyer, o Pico do Jaraguá e todas as suas particularidades, o Teatro Oficina... são alguns dos lugares eleitos por Sandoval na cidade onde nasceu. 


Acompanhá-lo nesta visita guiada é um privilégio. Com ele, visitamos jardins e caminhos que são um autêntico mergulho na natureza, percorremos uma trilha no Parque Estadual da Cantareira até à famosa Pedra Grande, conhecemos uma cratera de 32 milhões de anos, lugar onde podemos provar uma geleia de Cambuci, uma fruta azedinha em forma de disco voador...  Sim, é uma viagem e tanto. Vão, apanhem boleia!

Sem comentários:

Enviar um comentário