sexta-feira, 30 de junho de 2017

segunda-feira, 26 de junho de 2017

O Convidador de Pirilampos ou a arte de cientistar


Nas memórias  com sabor a infância guardamos as muitas noites de pirilampos vividas num tempo em que fomos meninos. Noites escuras e mágicas já partilhadas com os meninos de hoje. Quando, há uns anos, a Bruaá nos presenteou com o fantástico livro de Bruno Munari, Na noite escura, festejámos lá fora olhando as pequenas multidões de luzinhas que se passeavam no escuro, indiferentes à nossa presença.  


Foi o que voltámos a fazer quando nos chegou às mãos O Convidador de Pirilampos, com texto de  Ondjaki, ilustrações de António Jorge Gonçalves e editado pela Caminho.


Desta vez, na companhia de um pequeno rapaz e do seu avô, profundos conhecedores da Floresta Grande, onde brilham os pirilampos cintilantes. Antes de se embrenhar nela e de ser tentado a seguir no encalço das luminosas criaturas, o leitor fica logo a saber que nem todos os pirilampos têm brilho. Que existem pirilampos apagados!  E que são apagados porque não devem ser encontrados. Conhecidos como pirivelhos, são os mais sábios de todos. 


Mas, o leitor necessitará de atravessar a Floresta e toda a história para ficar a saber mais acerca destes pirivelhos e descobrir a razão porque não devem ser encontrados. Para isso, conta com a ajuda do rapaz inventor que carrega na mochila os objectos inventados. Cada um mais louco que o outro.


Um aumentador de caminhos, um unóculo e um convidador de pirilampos são alguns dos objectos utilizados para "cientistar" os seres luminosos. Os resultados, esses, acabam sempre partilhados com um avô paciente e com cheiro a laranja.


Um livro que, aqui e além, nos lembra o universo de Jimmy Liao. Histórias vividas num qualquer lugar do mundo e  povoadas de personagens sem nome que poderiam ser qualquer um de nós. Inconfundíveis, as ilustrações de António Jorge Gonçalves, vencedor do prémio Nacional de Ilustração 2013 com o livro da mesma dupla Uma Escuridão Bonita, voltam a um registo de silhuetas, sombras e jogo de luzes, com predominância de uma paleta de cores preta e azul. Ou não fosse esta mais uma história sem luz eléctrica.


Ondjakianos convictos, ficámos fãs deste pequeno inventor que, cientistando com paixão e afinco, acaba descobrindo o código da linguagem dos pirilampos. Um livro onde a poesia se passeia a cada página e onde as histórias são tantas quantos os contadores com que nos conseguirmos cruzar. Edison é, porém, o nosso contador de eleição.


Junho é o mês, por excelência, dos pirilampos. Em férias ou não, agarrem nas lanternas, nos miúdos, nos inventos, se fôr caso disso, e entrem noite dentro. Cientistem, cientistem!

sábado, 24 de junho de 2017

sábado, 17 de junho de 2017

Clube Mediterrâneo, doze fotogramas e uma devoração


Apresentação do livro Clube Mediterrâneo - doze fotogramas e uma devoração, do escritor João Pedro Mésseder, com ilustrações de Ana Biscaia e design de Joana Monteiro. Um livro sobre refugiados, sobre o drama das vidas de quem, fugindo da guerra e de todas as adversidades, chega tantas vezes ao inferno. O livro será apresentado pela escritora Rita Taborda Duarte. 
Hoje, sábado, às 18h, marcamos encontro nos Hipopómatos na Lua, Biblioteca Municipal de Sintra.



terça-feira, 13 de junho de 2017

Gatos, piolhos, ratos, girafas, crocodilos, pirilampos e muitos mais... continuam a querer ir de férias com as crianças e os pais!



Depois da bicharada toda que elencámos aqui, é de animais que continuamos a falar. E  voltamos a dizer que, quer estejam a caminho da Feira do Livro ou já a preparar as férias, há livros onde não podem deixar de entrar.
É o caso da maravilhosa cidade que Joan Negrescolor, autor do premiado livro HÁ Classes Sociais, editado pela Orfeu Negro, nos convida a visitar. Com a chancela da mesma editora,  A Cidade dos Animais é um hino à natureza que deslumbra os visitantes com uma luminosa e alegre paleta de cores. 



No espaço, que outrora parece ter sido ocupado por habitantes diferentes e onde ainda podemos encontrar objectos perdidos, proliferam elementos da natureza e uma gigantesca diversidade de seres. Deixem-se guiar por Nina, a menina que conhece bem os trilhos e os cheiros desta floresta, e passeiem-se com as crianças.  Apesar de se tratar do seu lugar secreto, está disposta a partilhá-lo com os leitores.


O reencontro com os amigos, sempre que volta à cidade selvagem, cheia de cor e luz, é uma festa marcada por um ritual: a leitura de histórias. Nina não faz distinções porque sabe que cada um tem o seu gosto bem pessoal. Se é verdade que os macacos preferem viagens à lua, aventuras espaciais e seres extraordinários, já a serpente elege os poemas sobre o mar, os pescadores e as tempestades. Por seu turno, os pinguins...



Mas, ATENÇÃO,  há uma história que reúne unanimidade! Entrem e descubram!


Pela mão da Kalandraka, chega-nos mais um livro de Leo Lionni, o que é sempre um luxo! As histórias de Lionni são intemporais e continuam a apaixonar miúdos e graúdos. Para isso muito  contribuem a ternura em que estão envoltas e a delicadeza e mestria com que a mensagem que as acompanha se faz anunciar junto do leitor. Frederico, O Sonho de Mateus ou o eterno Pequeno Azul e Pequeno Amarelo são apenas alguns exemplos.


Num registo algo diferente do habitual, com colagens de cores garridas e divertidas, Alex e o Ratinho de Corda gira à volta dos laços que se estabelecem entre dois amigos improváveis, Alex e Willie. O primeiro é um pequeno rato que, sempre que empreende uma incursão pela casa onde escolheu alojar-se em busca de uma qualquer migalha, se vê em apuros no meio dos usuais gritos de "Socorro! Um rato!" O segundo, é um rato de corda e o brinquedo preferido da menina da casa.



Willie é detentor de todos os mimos e atenções, partilha a almofada branca e fofa da dona e diz-se amado por todos. Mas só anda em círculos e quando lhe dão corda. Alex até poderia correr por todos os cantos da casa, mas a vassoura é o objecto que está sempre mais próximo...Vive com a tristeza de saber que ninguém gosta dele. E à noite, na escuridão do seu esconderijo, não consegue evitar a inveja que sente dos mimos dados ao seu único amigo, o rato de corda...



Das muitas horas de conversa e partilha surge a revelação da existência de um lagarto mágico que tudo consegue transformar. Alex, cansado de ser o mal amado, não pensa duas vezes. Mas, tal como na vida, nas histórias também há reviravoltas... Uma deliciosa história sobre amizade. A que se constrói e prevalece independentemente de todas as diferenças. 


É o cúmulo da bicharada! No livro da Rita Taborda Duarte há de tudo : elefantigas, girafeusgirafus, gigopulgões ou nanoleias... 
Estes são, apenas, alguns dos animais, ou melhor, animenos, que são bichos tal qual os demais mas tendo bastante menos, que se passeiam neste criativo e delicioso "manual de bichos e bichissímos". As não menos criativas ilustrações de Pedro Proença tornam o livro, editado pela Caminho, um objecto irresistível para os mais pequenos.


Apresentados em verso, os Animais e Animemos e outros bichos mais pequenos (sim, podem ser minusculíssimos) são divertidos, hilariantes e únicos, pondo a criançada a gargalhar e a pedir mais e mais! 


Conhecer esta espécie de piolhos que vivem nos nossos miolos ou a macacança que pode rodopiar dentro de qualquer pessoa é algo que apaixona os leitores mais pequenos que, não só repetem os nomes vezes sem conta, como decidem,  eles próprios, dar largas à imaginação e inventar outras espécies de animenos.


Macacança? Trata-se de uma espécie especial de macaco, mesmo muito pequenino, mesclado de criança que, entre outras coisas, pode  desarrumar pensamentos e virar o mundo do avesso. Claro que há sempre aqueles que, tendo muito siso, vivem sem bicharada a mordiscar-lhes o juízo. Que tédio, dizemos nós! Soltem lá a macacança que há em vocês e, para além dos ANIMAIS, façam-se acompanhar também destes fantásticos ANIMENOS em férias!

sábado, 10 de junho de 2017

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Gatos, piolhos, ratos, girafas, crocodilos, pirilampos e muitos mais... A bicharada também quer ir de férias com as crianças e os pais!


As férias estão quase à porta e já há quem pense em fazer as malas... Não se esqueçam de contar com o espaço para os livros com que miúdos e graúdos se vão divertir. Existem férias sem histórias? Existem, mas não são a mesma coisa. Não deixam nada para contar...
E como a Feira do Livro de Lisboa vai estar de corredores abertos até dia 18, mesmo os que não podem visitar os Hipopómatos na Lua têm muito por onde escolher! Até lá, deixamos algumas sugestões.




Começamos  pelos leitores mais pequenos.  E com animais, pois sabemos o quanto a criançada gosta deles. E não, não os deixa para trás quando vai de férias... Coincidência ou nem por isso, há por aí muita bicharada a passear-se por algumas das nossas editoras.

Aviso: Esta história  também tem  um PÁSSARO. Que sabe latim e consegue contar a história tin-tin-por-tin-tim.

Aqui Há Gato, com texto de Rui Lopes e ilustrações de Renata Bueno, é a história de um rei muito chato que fazia sempre tudo da mesma maneira. Calçava sempre a bota direita antes de calçar a esquerda. Penteava-se sempre à mesma hora e sempre com o risco para o mesmo lado Até que um dia a Dona Cristina, farta de tanta rotina, disse : Basta!


E tal bastou para que as pessoas, os animais e as outras coisas que tais, cansados de tanta, tanta repetição, fizessem uma revolução. 

E foi o que fez também Renata Bueno, a ilustradora que agarrou nos não menos chatos códigos de barras e, munida de grande dose de criatividade, os utilizou para ilustrar de forma divertida e hilariante as páginas deste pequeno livro. E como é de revoluções que falamos, as coisas processaram-se de forma diferente e coube a Rui Lopes, que faz aqui a sua estreia como autor, construir o texto para as ilustrações já existentes.


Aqui há gato? Há. O Silvestre. É ele quem explica a Sua Majestade, em língua de gente, que onde há gato há curiosidade e é assim que tudo pode ser diferente. 
Editado pela Orfeu Negro, este é o primeiro livro publicado entre nós pela ilustradora brasileira que, há cerca de um ano, escolheu viver em Portugal. Dela e do seu trabalho já falámos várias vezes. Há três anos, entrevistámos-la aqui.



Em Abril, Renata Bueno trouxe o Gato e os códigos de barras até aos Hipopómatos para orientar um Workshop. Com a sua encantadora simplicidade, partilhou a inspiração com todos e os resultados foram fabulosos. Que fantásticos podem ser os livros! 



Também para os lados da Orfeu Negro, há um piolho que habita uma história. Da autoria de  Mathis e  de Aurore Petit, este é um livro divertido e hilariante. Como o próprio título indicia, O Piolho Sabe Que tem como protagonista um piolho sabichão.  


Página após página, a criatura exibe, com grande vaidade, a abrangência dos seus conhecimentos. A pequenada  chega a ficar impressionada com este piolho enciclipédia que parece saber um pouco de tudo:  que os peixes têm escamas, que as joaninhas têm pintas, 
que os pássaros voam no céu, ou que os cães fazem cocó...



À medida que nos aproximamos do fim, preparamo-nos para o previsível momento em que o bicharoco receberá os louros de tanta sapiência. Mas eis que surge um final repleto de humor, que apanha de surpresa pequenos e grandes leitores, suscitando sonoras gargalhadas. E, afinal, até descobrimos que há algo que o o piolho não sabe. O piolho não sabe que nada sabe…
Inicia-se então um maravilhoso jogo de descoberta e identificação em que os mais pequenos se perdem entre o espanto e o riso. E pedem vezes sem conta: outra vez!


Pela mão da Kalandraka, conhecemos a irresistível Grisela. Uma ratinha que se sente triste. Tão triste como a sua pele cinzenta. Pelo menos, é o que ela pensa quando decide fazer alguma coisa por si própria. 



Munida de balde de tinta e de pincel, a doce Grisela está determinada a mudar a sua aparência, convicta de que as cores alegres irão, certamente, contribuir para alterar os seus sentimentos. A cada página, Grisela experimenta uma nova cor. Mas o resultado não é o que esperava. Porque, a cada página, há sempre quem apareça com um comentário pouco simpático... E o pior de tudo é que continua a sentir-se triste. 


Quando se pintou de vermelho, o ganso, que andava por ali, disse-lhe, perdido de riso: 
- Um rato com o bico pintado! Nunca vi nada assim!



A similitude com outros bichos, à medida que vai mudando de cor, não escapa aos mais pequenos, cujo processo de empatia com a protagonista é garantido desde o inicio. Para isso muito contribuem o traço, a simplicidade, as cores escolhidas e aplicadas em fundo branco por Willemien Min.



Só após várias páginas, outras tantas cores e idêntico número de comentários é que Grisela percebe que, afinal, até há quem considere linda a sua cor cinzenta. E o melhor de tudo... até consegue sentir-se a ratinha mais feliz do mundo. Em jeito de fábula, esta deliciosa história, escrita pela inglesa Anke de Vries e ilustrada por Willemien Min, fala da importância de sermos nós mesmos, de nos aceitarmos como somos, relegando para segundo plano as aparências e o que os outros pensam de nós.



Quem não liga mesmo às aparências é este par bem nosso conhecido e que está de volta.  Depois de Um pequeno Crocodilo ternurento que só visto, O pequeno Crocodilo e o amor de uma vida, Crocodilo e Girafa, uma família igual às outras, à Kalandraka chega agora Crocodilo e Girafa, um par de namorados a sério.



Quem já os conhece não pode deixar de lhes admirar a mestria para encontrar soluções para os muitos problemas que o dia a dia lhes reserva. Verdadeiros quebra-cabeças!




A mesma que Daniela Kulot, autora de texto e ilustrações, exibe quando junta dois seres tão diferentes e os torna capazes de vencer  todos os obstáculos através do amor. Ainda que alguns os considerem um par estranho. Estapafúrdio, mesmo. 



Foi o que todos lhes chamaram no dia em que decidiram quebrar a rotina e sair do conforto do seu lar, onde continuam a viver felizes e apaixonados, para visitar a Cidade – Girafa e a Cidade-Crocodilo.


Em ambas as cidades recolheram comentários desagradáveis, olhares e risos, transformando-se num alvo fácil da chacota alheia. Mas nem por isso se fizeram rogados no momento em que descobriram que havia uma família em perigo. 



Numa operação conjunta, demonstrativa de que a altura de um e a perícia do outro se completam na perfeição, o casal não só salvou a vida dos que estavam em perigo como provou que não há diferenças que o amor não supere. Com uma alegre paleta de cores e generosas doses de humor, estas são histórias que perfazem as delícias dos mais novos. E depois, ir para férias na companhia destes dois, dá muito jeito! É só mostrar-lhes o caminho. Eles chegam lá de Girodilo.