segunda-feira, 13 de outubro de 2014

monstros urbanos


Muitas vezes chamamos-lhes "mamarrachos". A sua fealdade chega a irritar-nos. Na maioria das vezes, já passamos por eles sem lhes dispensar um simples olhar. Quase sempre, a mão humana parece disseminá-los na mesma proporção da indiferença a que os votamos.


E se um dia acordássemos diferentes?


Durante cerca de dois anos, a artista plástica Renata Bueno caminhou pelas ruas de São Paulo acompanhada da máquina fotográfica e do seu cão Mentex, enquanto a sua "imaginação deitava e rolava povoando espaços". 


As caminhadas desembocaram num livro fabuloso, pleno de criatividade e repleto de monstros a que chamou urbanos. O mais surpreendente, até para nós que temos uma queda pelas criaturas, é que muitos dos seus monstros são simpáticos e até afáveis! 


No livro, Renata escreve: Um dia acordei diferente... Saí andando pela rua e comecei a ver coisas que nunca tinha visto antes. Seria um sonho?


Meus olhos me mostravam surpresas no caminho que todos os dias eu fazia. Olhava tudo como se fosse pela primeira vez.


Uma cara engraçada surgiu no asfalto. Um bicho no muro descascado, um monstro formado num canto do céu. Prédios ganhavam olhos, bocas, dentes...




Um dia acordei diferente e depois desse dia nunca mais a vida foi igual. Passei a ver o mundo com o meu corpo inteiro e aproveitar a cidade para transformar o que parece fixo em móvel. Brincar de olhar para o óbvio e fantasiar.



Hoje sei que a rua me revela cores que nunca encontrei no lápis de cor.



OUTRO dia me disseram para acordar desse sonho...
- Não, senhor!
Que os monstros urbanos persigam você também!



É o que acontece, por estes dias,  na Bedeteca de Beja, onde os Monstros Urbanos da Renata andarão à solta até 31 de Dezembro. Havemos de ir a Beja! Também na esperança que os simpáticos monstros não se quedem por lá e nos persigam até Lisboa.



Em Maio, estivemos aqui à conversa com a Renata. Somos fãs do seu trabalho.  Gostamos da poesia que sempre anda à solta em tudo o que faz. As suas histórias espelham seu jeito alegre de menina com que parece festejar a vida.


 Havemos de ir a Beja!

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