segunda-feira, 30 de junho de 2014

Desencontros


Se há chegadas que não podem deixar de ser festejadas, a de Jimmy Liao é uma delas. Há muito que nos perguntávamos como era possível que os seus livros não fossem editados entre nós. Há cerca de um ano escrevemos:  Porque somos seguidores incondicionais do fantástico mundo de Jimmy Liao perguntamo-nos amiúde até quando durarão os desencuentros entre o autor e as nossas editoras.

Desencontros,  agora editado pela Kalandraka, marca a estreia de Jimmy Liao entre nós.  Do livro e do autor falámos aqui e também aqui. Já aguardamos os próximos!


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Com o Tempo


A princípio estranha-se. Porque são muitos e fabulosos. Com O Tempo entranha-se e ficamos viciados... São os livros do Planeta Tangerina! O último, com texto de Isabel Minhós  Martins e ilustrações de Madalena Matoso, não foge à regra.


O tempo, ou a sua passagem, volta a ser a temática. De forma aparentemente simples, a cada página são evidenciados os  efeitos do seu decurso sobre  pequenas coisas de todos os dias. À boleia do tempo, vamos observando a sua própria medida de duração, as suas  mutações, a ordem de grandeza...


Um livro onde reconhecemos as etapas. O crescimento e o envelhecimento como pólos de um ciclo onde tudo se revela transitório, efémero... Mas onde cada etapa adquire uma importância específica,  que só o tempo poderá relativizar.


Todos já demos por isso. O tempo está sempre a passar, a passar, a passar... é o ponto de partida das autoras.  


Com o tempo nada permanece imutável. Objectos, alimentos, elementos da natureza ou até as próprias palavras.


Os mais pequenos identificam-se com situações de todos os dias. O humor que, aqui e além as acompanha, é responsável por uma boa dose de riso.


As ilustrações de Madalena Matoso acompanham e evidenciam os efeitos da passagem do tempo. Impossível não nos rendermos ao magnífico jogo que, por vezes, a ilustradora faz com o uso da mesma imagem, ora invertida ora acrescida de subtis pormenores que essa passagem lhe acrescenta ou retira. 


Um livro onde todos nos encontramos. Um final que emociona e  nos faz reflectir sobre o que o tempo nos dá e tira.  Ou, o que Com o Tempo conseguimos guardar. 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bom Fim de Semana

Damos as boas-vindas ao Verão.

Manon Gauthier


quinta-feira, 19 de junho de 2014

CAPITAL e VAZIO

Têm a palavra, perdão, a imagem... os Ilustradores! Afonso Cruz e Catarina Sobral, dois nomes grandes da nossa Ilustração,  são os senhores que se seguem na colecção editada pelo Pato Lógico, Imagens que Contam.



Para a editora, esta é uma colecção dedicada exclusivamente a ilustradores contadores de histórias. Com ela, o Pato pretende criar um espaço onde se dá forma ao que não é dito ou escrito. É um novo palco onde, em cada mancha, em cada traço, se descobre um mundo.



Depois de Sombras, de Marta Monteiro e Bestial, de André da Loba, Afonso Cruz assina uma história capitalizada.


CAPITAL é uma história contada em torno da figura,  bem nossa conhecida, do porquinho mealheiro. Muitos de nós crescemos com ele e habituámos-nos a capitalizar para a sua ranhura as moedas que conseguíamos angariar. Depois quebrávamos o animal e era dia de festa...


Bom, não é o que faz o rapaz da história a quem o porco é oferecido. De tal forma o alimenta e o mima que o porco vai engordando, engordando... até adquirir proporções gigantescas. Acaba por tomar o gosto às moedas e tornar-se insaciável. Ganancioso mesmo.


Com uma boa dose de humor e algum sarcasmo à mistura, vamos vendo uma criatura cada vez mais obesa e um dono que cresce com ele,  transformados numa máquina trituradora... Afinal, uma rábula tão actual nos dias que correm...


Um livro com marca registada Afonso Cruz, o que sempre parece querer significar um livro para  destinatários de todas as idades. Como já se tornou hábito, para pequenos e grandes leitores.


À semelhança de todos os outros do autor, um livro a que não se consegue ficar indiferente. Venha o próximo!


VAZIO é a história contada por Catarina Sobral


O vazio sentido por um homem que vive numa grande cidade e que todos os dias se cruza com a multidão. A busca por algo que o preencha nos detalhes do dia a dia ou até a explicação médica do que possa estar errado consigo não parecem ter qualquer êxito.  


Um vazio profundo, aqui simbolizado por uma silhueta branca onde nada permanece. Um vazio que nem a natureza ou a arte parecem conseguir colmatar. Até ao dia em que descobre, finalmente,  a receita para essa doença, bem mais comum do que muitas vezes supomos. 


Palavras para quê? Este é um livro de Catarina Sobral. A temática, a forma inteligente e divertida, mas não menos poética da abordagem, as subtilezas espalhadas pelas páginas e os seus bonecos inconfundíveis, conferem ao livro uma beleza singular. 


Expectantes e ansiosos pelos próximos livros, dizemos: Parabéns ao Pato! Lógico.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Hoje Sinto-me...


É um alfabeto ilustrado. Não de objectos, nomes, cores ou animais... mas um ABC de emoções! De A a Z, este pequeno rapaz vai experimentando diversos sentimentos e  sensações.  Audaz, baralhado, curioso...


Da autoria de Madalena Moniz e com a chancela da Orfeu Negro, o livro é, também ele, audaz e único. 


Brincando com as letras, que ocupam as páginas do lado esquerdo,  a autora usa as ilustrações para exteriorizar os estados de espírito vividos pelo rapaz. Pintadas a aguarela e a tinta da china, através delas  recriam-se  elos de ligação entre a palavra e a imagem. 


Frágeis, fortes, delicadas, poéticas... afinal, como as emoções. Cada página representa um novo dia e um novo sentimento. Conseguem adivinhar?



 Definitivamente, sim! Este é um livro XL!


No final, os pequenos leitores também podem expressar os seus sentimentos. Por aqui, já houve quem se atrevesse...


E tu? Como te sentes?

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Grandes Livros Para Gente Pequena II

 10 patinhos de borracha

Perguntamos muitas vezes de onde vem a inspiração de um escritor. Como terá nascido esta ou aquela história? 


Neste caso, o próprio Eric Carle mostra a sua fonte de inspiração: a notícia, na década de noventa, de milhares de bonecos de borracha caídos ao mar durante uma tempestade. Baseado nela, construiu esta magnífica história, cujo resultado final é, talvez, um dos seus livros de que mais gostamos. 


Os eleitos de Carle são 10 patinhos de borracha que acompanhamos desde o nascimento, na fábrica,  até ao transporte até ao porto e, obviamente, após o naufrágio. Seguimos-lhes o rasto e a sorte que lhes coube em alto mar.


Este é o pretexto para uma história onde cabem múltiplas abordagens que vão desde o tempo, espaço e distância até aos números e às cores. À boleia de tudo isto, surgem ainda diversos animais marinhos e a identificação de características próprias que deliciam os mais pequenos.


Do 1º ao 10º, ficamos a saber qual a direcção que cada um tomou e com quem se cruzou. O fenómeno da repetição, tão do agrado da pequenada, não passa despercebido e verifica-se a cada página: 
O 1º patinho de borracha  afasta-se para oeste e encontra um golfinho, 
O 2º patinho de borracha afasta-se para este e...




Eric Carle dispensa apresentações. The Very Hungry Caterpillar, traduzido em cerca de trinta línguas, é o livro mais conhecido deste nome maior da literatura infantil que conta mais de setenta livros editados. O universo da cor é o primeiro pensamento que nos ocorre quando falamos da sua obra. As cores fortes e brilhantes, a mestria das colagens e uma genuína simplicidade são traços identificadores do seu trabalho. 


Para  Eric Carle,  ilustrar é uma forma de expressar sentimentos. Talvez por isso, os seus livros evidenciem uma  elevada sensibilidade, geradora de um fenómeno  empático nas crianças que o lêem.
O final da nossa história não é excepção. Não, não revelamos... Dizemos apenas que o décimo patinho é um sortudo.  Nós também! Por podermos navegar com as nossas crianças pelo mar de Eric Carle. Imperdível!

 Aviso: Este patinho de borracha conserva ainda, em perfeito estado, o seu dispositivo sonoro.Quic! Quic!