terça-feira, 16 de abril de 2013

EL CONTADOR DE CUENTOS


Considerado por muitos um clássico, EL CONTADOR DE CUENTOS é um dos contos mais conhecidos de Saki. Com ilustrações de Alba Marina Rivera, foi editado em 2008 pelas Ediciones Ekaré e premiado em Bolonha no ano seguinte.

Numa carruagem de comboio, três irrequietas crianças viajam na companhia de uma tia que tenta pacificá-las, contando-lhes histórias enfadonhas de meninos "bem comportados".

Para desespero de um circunspecto passageiro que partilha a carruagem, as sucessivas tentativas da tia revelam-se infrutíferas.
Os petizes continuam "a pintar a manta" e o homem vai perdendo a paciência perante a incapacidade, ou melhor, a falta de jeito daquela tia para cativar a atenção das três “pestinhas”, uma das quais entoa repetidamente o primeiro e único verso que sabe de um conhecido poema de Kipling.

Tudo tem limites e o homem acaba por se intrometer, comentando o inêxito da mulher como contadora de histórias, o que a leva a ripostar ser muito difícil contar contos que as crianças entendam e ao mesmo tempo apreciem. 

Desafiado a fazer melhor, o homem começa um conto cujo inicio não augura melhor sorte: era uma vez uma menina extraordinariamente boa. 

                     
Mas o que parecia uma história convencional, igual a tantas outras, evolui rapidamente por um caminho diferente.  A menina extraordinariamente boa torna-se horrivelmente boa, o que só por si é suficiente para captar a atenção da criançada.

                             
A menina horrivelmente boa é detentora de três medalhas: a da obediência, a do bom comportamento e a da pontualidade e acaba mesmo por ter direito a prémio. O príncipe convida-a a visitar o parque do palácio. Um parque precioso, nunca antes visitado por crianças, onde não há flores e abundam porcos.

E é nesse cenário que surge um nosso velho conhecido...o lobo mau. O objectivo  era tão só comer uns porquitos, mas depois de avistar aquela menina, de vestido tão impecavelmente branco que se via ao longe, rapidamente mudou de ideias. 

Perseguida pelo lobo, a menina horrivelmente boa foge a sete pés e acaba escondida nos arbustos, sustendo a respiração.

O animal já dera por perdida a caçada quando o tilintar das medalhas, chocando umas contra as outras, se tornou audível e... zás!


Da menina horrivelmente boa só sobraram mesmo as medalhas e os sapatos... E na carruagem, o silêncio foi interrompido apenas pela indignada tia que considerou o conto completamente inadequado e suficiente para deitar a perder o trabalho de anos de uma esmerada educação.


Ironia, humor e inteligência são características da obra de Saki que estão presentes ao longo de todo o conto. As magníficas ilustrações de Marina Rivera, que parecem recriar uma época vitoriana, completam este livro com formato de carruagem, de forma brilhante. Exemplo disso é a imagem da menina horrivelmente boa completamente decalcada da figura da tia.

No Dia Mundial da Voz, aqui fica a nossa homenagem a todos os contadores de contos inadequados... a todos os que emprestam a sua voz às histórias, fazendo vibrar pequenos e grandes ouvintes!

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