sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A Coisa Perdida

Finalmente, numa livraria perto de si!  A Coisa Perdida  foi hoje encontrada em Portugal, editada pela Kalandraka.


Este foi o primeiro álbum ilustrado de Shaun Tan. Datado de 2000, deu origem ao filme homónimo, que venceu o Óscar De Melhor Curta Animação em 2011. O filme pode ser visto aqui.


Uma história para quem tem coisas mais importantes com que se preocupar é o subtítulo que revela, bem cedo, o humor com que o autor faz a abordagem a um mundo que  a evolução tecnológica tornou cinzento, infestado com a terrível maleita que é a burocracia e povoado de gente apática e desinteressada. 


É ai que este  rapaz, um "sobrevivente" que ainda se passeia no meio da praia à procura de caricas para a sua colecção,  avista a coisa, cuja presença não parece ser notada por mais ninguém. Não acham estranho?
                                          

Então, olhem bem para a dimensão da coisa, para  o seu aspecto bizarro, que ora lembra uma panela a vapor, ora se aparenta com um caranguejo, e atentem na "discreta" cor da dita!


Depois de passar grande parte do dia a brincar com ela, o rapaz não tem dúvidas de que a coisa está perdida. Sentindo pena dela, tenta encontrar uma solução. As reacções de indiferença dos adultos a quem pede ajuda têm tanto de absurdo quanto de hilariante. Na verdade,  nada parece suficiente para os resgatar do marasmo em que parecem mergulhados. 


Em casa do rapaz, a sorte da coisa não é diferente. O amorfismo reinante apenas é interrompido para a mandar de volta porque "tem os pés nojentos"...



E nem mesmo o seu amigo Pete, que tem opinião sobre tudo, consegue encontrar uma solução, concluindo que "há coisas assim... perdidas, simplesmente".  Só mesmo este anúncio de jornal parece apontar uma solução...


Feito em cima de folhas de antigos livros técnicos, como compêndios de álgebra, de cor sépia,  com imagens de toda a espécie de maquinetas e coisas obsoletas, o livro está magnificamente  ilustrado. Os tons  de ferrugem e cinza completam as imagens de um mundo sem magia, onde os adultos  se mostram demasiado ocupados com o vazio do quotidiano.


Como em todos os livros de Shaun Tan (de quem falámos aqui e aqui), é nas ilustrações que encontramos os detalhes  e as subtilezas imprescindíveis  à integral compreensão da obra.

E também muitos dos elementos intertextuais que sempre enriquecem a sua obra. É o caso desta ilustração, em que Shaun  invoca um dos ícones da pintura australiana, Collins St, 5p.m, de autoria de John Brack. 


 Já andam à  procura dela? Nós, pelo sim pelo não,  já começámos a coleccionar caricas...


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