quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ainda Javier Zabala

Ainda a propósito de Javier Zabala, queremos partilhar um "tesouro" que descobrimos recentemente.


Mas allá, papá! Chardin entre líneas é um livro sobre uma emotiva carta de Jean-Siméon Chardin, um dos principais pintores do séc.XVIII, para o filho Jean-Pierre, também pintor, num momento em que este se confronta com dificuldades em acabar os seus quadros. 


Através da sua leitura, vamos desvendando a obra do pintor, as suas motivações e as suas paixões. E acima de tudo, a forma como o filho, enquanto criança, o influenciou no seu processo de criação. 


É um livro carregado de poesia, pleno de amor, cheio de coisas pequenas e grandes. 





A escrita inebriante de Luigi Dal Cin e as ilustrações de Javier Zabala, lado a lado com os quadros de Chardin, incutem-nos uma permanente sensação de ter algo de muito precioso nas mãos.



Para além das imagens, aqui ficam alguns excertos do magnífico texto, que tomámos a liberdade de traduzir.



Recordas-te do gato que tínhamos quando eras pequeno?
Cuidavas dele e davas-lhe de comer.
Dizias que era muito cansativo, mas depois não deixavas de o acariciar.
A pintura é exactamente assim, filho: um gatito que há que acariciar, proteger e alimentar, às vezes com cansaço.
Mas depois vais vendo como cresce.
E, se quiseres, revela-te um modo extraordinário de ver a realidade.




Muitos afirmam que pinto de uma forma  distinta da dos meus colegas, os outros pintores. Creio que é porque, tal como os gatos, também eu olho de outro modo. E também sei divertir-me com as coisas pequenas.




Desde que nasceste, comecei a observar as coisas também do teu ponto de vista. Seguia o teu olhar curioso de criança, por isso colocava os objectos nos meus quadros em primeiro plano, maiores, como imaginava que tu os vias.



Também tu te deixaste seduzir pela beleza da vida. Usamos cores, é certo, mas no final, pintamos sempre com o coração, que sabe ver mais além. Até o que é invisível aos olhos.



A propósito da porta entreaberta que vislumbramos neste quadro de Chardin, o filho, ter-lhe -á perguntado o que havia para além dela. O diálogo que entre os dois se estabelece evidencia a beleza, a arte e o amor que coexistem nesta relação. De forma ímpar, este é um livro capaz de revelar tudo isso às crianças. 


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